Gonçalo Rocha enalteceu trabalho da associação
Homenageados 27 paivenses que tombaram na Guerra do Ultramar
A ACUP – Associação de Combatentes do Ultramar Português, sedeada em Castelo de Paiva, comemorou no fim de semana, o seu 16º Aniversário, numa cerimónia festiva que começou de manhã com uma concentração junto à Igreja de Sobrado e um desfile até ao Monumento aos Combatentes do Ultramar, localizado na zona urbana da vila, onde foi prestada a habitual homenagem aos 27 militares paivenses que morreram na Guerra do Ultramar, terminando o programa com uma missa na Igreja Paroquial de Sobrado, e um almoço convívio, com animação musical pela tarde fora.
Para além do presidente Gonçalo Rocha, e outros autarcas locais, estiveram na cerimónia de Castelo de Paiva, os principais dirigentes da ACUP, os representantes dos núcleos da Liga dos Combatentes de Marco de Canaveses, Penafiel, Vila Meã, Espinho, Cantanhede, Lixa e Macieira de Cambra, os representantes das Associações de Combatentes de Vila do Conde, Tondela, Mangualde, Porto, Santa Maria da Feira, Arganil, Fafe, bem como o Coronel Jara Franco, representante da AOFA – Associação dos Oficiais das Forças Armadas, do representante da delegação do Porto da Associação dos Deficientes das Forças Armadas, Sargento Ajudante Henrique Pinto em representação do Regimento da Engenharia de Espinho, o presidente do Bombeiros Voluntários de Castelo de Paiva, entre outras entidades civis, militares e religiosas.
Na cerimonia, abrilhantada por militares do Regimento de Engenharia de Espinho – RE3, e da Academia de Musica de Castelo de Castelo de Paiva, destacaram-se as intervenções do presidente da ACUP, José Moreira, e do representante da AOFA, tendo o edil paivense, Gonçalo Rocha, evidenciado a sua satisfação por mais este momento festivo de aniversário da ACUP, recordando depois, o empenhamento e a luta travada pelos seus dirigentes para projectar ainda mais esta associação a nível nacional, bem como enaltecer o excelente trabalho que tem sido desenvolvido junto dos ex – combatentes, ao nível do apoio nas mais diversas áreas de actuação civica e social, destacando algumas valências que agora são disponibilizadas aos associados.
Para o autarca de Castelo de Paiva, trata-se de um justo reconhecimento e de uma pública homenagem aos 27 militares, oriundos das freguesias de Castelo de Paiva que, em missão no Ultramar Português, tombaram em defesa da Pátria e que voltam a ser recordados no território paivense, num acto simples e singelo, mas carregado de grande emoção, até porque, destacou ainda na sua intervenção Gonçalo Rocha, é importante não esquecer o passado, e continuar a recordar aqueles que deram a vida ao serviço de Portugal, honrando e defendendo os ideais da Pátria em situações de extrema adversidade em cenários de guerra, que deixaram marcas profundas nas familias portuguesas e também em familias paivenses.
O edil dirigiu palavras de felicitações aos dirigentes da ACUP, relevando a actuação meritória que tem sido protagonizada junto dos ex-combatentes e dos seus familiares, ajudando de alguma forma, a ultrapassar de situações de ordem traumática, vencer problemas graves de foro psicológico e minimizar a deficiencia, destacando depois, que desde o ano passado, a associação tem dispobilizado um importante serviço de apoio psicológico aos ex-combatentes e familiares.
Na sua intervenção, saudando os presentes na cerimónia, José Moreira destacou que não se pode esquecer que, a intervenção desta associação é de âmbito nacional, desde a sua origem, desde o princípio que o objectivo claro, foi lutar pelos justos interesses de todos aqueles que não renegaram a pátria e que, de acordo com o exigido, lutaram bravamente pela causa a que foram chamados, combateram até à exaustão e muitos deles tombaram ou ficaram com sequelas que os obrigaram a uma reorganização e adaptação das suas vidas, reforçando que, “ assim como não esquecemos, que marcas não são só as visíveis, mas também as que espelham na alma de cada um de nós aqui presentes e dos que, entretanto, já não se encontram entre nós, esses que, hoje queremos homenagear e agradecer o que também fizeram por nós e que nunca são esquecidos “.
Depois de deixar um agradecimento especial aos representantes do Ministério da Defesa Nacional, com singelas e sentidas palavras de gratidão e orgulho, o dirigente da ACUP aproveitou o momento para reforçar junto dos governantes e da população em geral, o reconhecimento da coragem de todos os antigos combatentes para que estes sejam motivo de orgulho nacional e um incentivo para os jovens militares de amanhã, defendendo que, os verdadeiros voluntários pela Pátria no que toca às nossas forças armadas, só acontecerá quando os nossos jovens perceberem que os apoios existem de facto.
Na sua intervenção, José Moreira realçou que, já lá vão 57 anos desde que as Forças Armadas portuguesas se viram envolvidas num conflito armado em terras de África, que durou 14 anos, pelo que agora, é tempo de reparar as muitas injustiças que aconteceram e prejudicaram os antigos combatentes, sendo nesse sentido, que esta associação luta e reivindica, pelos apoios merecidos, sejam eles a nível psicológico e social.
Para este dirigente dos combatentes de Castelo de Paiva, a guerra colonial também aproximou os soldados que se uniam e formavam verdadeiras famílias que os ajudavam a sossegar e a conter as saudades das suas gentes, das suas terras, e ainda hoje, um pouco por todo o país, se reúnem em salutares convívios de antigos soldados que servem, não só para reforçar os laços de amizade, como recordar os momentos da sua vida militar, recordando também, o interesse e o imperativo de homenagear todas as famílias portuguesas que a guerra enlutou e ainda hoje choram a perda dos seus filhos, lutam para proporcionarem uma vida digna aqueles que a doença ou a deficiência física impossibilitou de ter uma vida normal, lembrando todos os que ainda sofrem do pesadelo que a guerra trouxe, “ na certeza de que estamos com todos e que podem contar com a ACUP e o trabalho empenhado dos seus dirigentes para ajudar a diminuir a dor e a tristeza sentidas “.
Recorde-se que, a ACUP – Associação dos Combatentes do Ultramar Português, foi fundada em 7 de Junho de 2002, com o objectivo de dignificar os interesses dos ex-combatentes do ultramar português, tendo a associação desenvolvido junto das autoridades nacionais, um grande esforço para que os ex-combatentes nunca possam cair no esquecimento, evidenciando-se a importância social dos diversos protocolos assinados junto com o Governo e outras entidades públicas e tem vindo, desde a sua fundação, e em parceria com o Ministério da Defesa, a desenvolver todos os esforços para apoiar todos os ex-combatentes do ultramar português que solicitam ajuda, criar parcerias com Instituições e Associações, no sentido de sinalizar e encaminhar para os locais apropriados de ex-combatentes em situação de “Sem-Abrigo”, marginalizados pela sociedade, rastrear e encaminhar ex-militares com problemas e distúrbios de foro psicológico e psiquiátrico, tendo em conta que, a associação tem como objectivo principal, contribuir para colmatar e minimizar situações difíceis e complicadas relacionadas com ex-soldados portugueses e as suas próprias famílias, contribuir para minimizar as dificuldades, aproximar os ex-combatentes, lutar pela dignificação do papel dos soldados em defesa do seu país, bem como dar voz àqueles que teimosamente querem fazer esquecer.
O programa destas comemorações, para além da homenagem prestada aos combatentes paivenses falecidos na Guerra do Ultramar, junto ao Monumento localizado na vila, que agora completou 18 anos, e que contou com Guarda de Honra dos militares do Regimento de Engenharia de Espinho, contemplou ainda uma missa na Igreja Paroquial de Sobrado, celebrada pelo capelão Joaquim Soares, em sufrágio por todos os combatentes paivenses que tombaram em cenário de guerra, terminando com um almoço de confraternização nas instalaçoes do Agrupamento de Escolas de Sobrado, com animação musical a cargo de Paulo Rocha.
Carlos Oliveira
Gabinete de Imprensa e Relações Públicas