A Paisagem Protegida Local do Sousa Superior (PPLSS) foi criada em 2020 como instrumento de salvaguarda e valorização de um conjunto de valores naturais e culturais do concelho de Lousada.
De entre os valores naturais presentes, a flora e vegetação têm claramente um destaque importante. Floristicamente, a PPLSS organiza-se em 13 principais unidades de paisagem, incluindo campos agrícolas (principalmente para cultivo intensivo de milho), vinha, florestas de eucalipto e folhosas, tecido urbano, incultos e outros.
Acresce referir que algumas tipologias de habitat com pouca expressão no território, como a vegetação ripícola, os matos ou áreas paludosas – que no conjunto não ultrapassam 3,5% da área da PPLSS – acabam por ter um enorme valor de conservação, pela sua raridade e singularidade, e pelos conjuntos de plantas e animais que dependem das condições específicas desses locais para viver, pelo que se revestem de ainda maior importância à escala concelhia.
Os 1609 hectares da PPLSS correspondem a cerca de 17% da área de Lousada, porém, esta área protegida protege 84% das espécies florísticas presentes em todo o concelho.
Na PPLSS ocorrem, ainda, 20 espécies de plantas de elevado valor de conservação, como a abrótea (Asphodelus lusitanicus), o açafrão-bravo (Crocus serotinus) ou as esporas-bravas (Linaria triornithophora) – endemismos ibéricos, o azevinho (Ilex aquifolium), o narciso-trombeta (Narcissus pseudonarcissus subsp. nobilis) ou os narcisos-lágrima-de-anjo (Narcissus triandrus) – espécies protegidas, e, ainda, espécies com estatuto de conservação desfavorável (ou seja, com algum risco de extinção), como o azereiro (Prunus lusitanica) e o mostajeiro-de-folhas-largas (Sorbus latifolia).
A mais recente área protegida do país, a PPLSS, abrange ainda quatro habitats naturais, isto é, áreas que se definem pela presença de composições florísticas indicadas a nível europeu (através da Diretiva Habitats) como importantes para a conservação. Os quatro habitats naturais registados na PPLSS são Charnecas secas europeias (Subtipo 4030pt), Tomilhais galaico-portugueses (8230pt1), Carvalhais de Quercus robur (9230pt1) e Amiais ripícolas (91E0pt1).
Os inventários florísticos e a respetiva monitorização das comunidades botânicas decorrem continuamente desde 2016, integrando os estudos da Carta Ecológica Municipal. Esta informação científica é crucial para que a gestão do território seja feita de forma consciente, conciliando a conservação da natureza com as necessárias atividades humanas.
Adicionalmente, permite trabalhar o território do ponto de vista pedagógico, transmitindo-se a importância de preservar esta herança natural, mas também possibilita a identificação de oportunidades criativas, de promoção turística e de empreendedorismo verde