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CASTELO DE PAIVA AVANÇA COM CENTRO INTERPRETATIVO DAS MINAS DO PEJÃO

por admin

Estrutura fica instalada na Zona de Lazer do Choupal

Vereadora Liliana Vieira quer recuperar memórias da exploração carbonífera

      A Câmara Municipal de Castelo de Paiva vai avançar, em breve, com abertura de um Centro Interpretativo das Minas do Pejão, que ficará instalado em instalações, criadas para o efeito, no Parque de Lazer do Choupal, em Pedorido, um espaço privilegiado junto à zona ribeirinha do Douro, para dar a conhecer um pouco daquilo que foi a epopeia da exploração carbonífera no território paivense. 

      Liliana Vieira, actual Vereadora da Cultura da autarquia paivense, esteve recentemente a visitar estas instalações, e fez questão de estar acompanhada com antigos trabalhadores mineiros, evidenciando a vontade do actual Executivo Municipal em recuperar memórias do tempo mineiro, de forma a potenciar atractividade turística e trazer visitantes ao concelho.

      A autarca considera que o turismo é um sector fundamental para dinamizar a economia local e alavancar oportunidades de negócio, e atrair investimento para o território, daí insistir na necessidade de se dar passos importantes neste domínio, no sentido de criar atractividade ao território, promovendo acções estratégicas para projectar o concelho, divulgar as potencialidade e criar riqueza com dinâmicas económicas e sociais.

      Com esta iniciativa, pretende-se avançar com um conjunto de propostas de actividades interpretativas e de estratégias de envolvimento da comunidade a implementar território mineiro, sendo certo que, conforme refere Liliana Vieira, “ o centro de experiências mineiras é uma viagem ao passado e à memória daquela que foi a maior extracção mineira de carvão do século passado. Esta actividade molda até hoje as gentes de Castelo de Paiva, e por isso, neste centro interpretativo vamos poder encontrar alguns objectos que faziam parte do dia-a-dia do Mineiro do Pejão, quer da vida profissional, quer da parte mais pessoal, sendo que, neste local, podemos também viver o passado através da realidade virtual em 3D, que permite uma viagem ao interior da mina com todas as sensações que a descida provocava, tentando desta forma, uma aproximação do que os mineiros sentiam na sua ida para o trabalho”.

                Durante largo período, as Minas do Pejão marcaram profundamente a vivência do concelho, não só pela criação de emprego, mas também pela relação sócio cultural que se estabeleceu. São muitas as marcas deixadas ao nível das actividades culturais, sociais e desportivas. Esse legado, realça a Vereadora da Cultura, corresponde a uma parte significativa da história recente do concelho, razão pela qual se reveste de especial importância e deve ser preservado.

                A edilidade paivense tem planos para a zona mineira, nomeadamente a recuperação de algum edificado que sobreviveu com passar dos anos, e Liliana Vieira evidencia a importância de valorização do legado do Couto Mineiro do Pejão, não descurando o interesse em desenvolver uma estrutura museológica, que envolvendo a comunidade local, possa mostrar a história das Minas do Pejão e reunir algum fotográfico e documental disponível, recordando neste caso o Cavalete do Fôjo, um estrutura mineira desactivada em 1968, localizada em Folgoso, e actualmente propriedade da União de Freguesias do Couto Mineiro do Pejão.

      Recorde-se que, a história do Couto Mineiro do Pejão começa em 1859, quando o Concelho d’Obras Públicas e Minas decidiu examinar e reconhecer a existência de uma mina de carvão situada no Monte das Cavadinhas, no Pejão, freguesia de São Pedro do Paraíso, em Castelo de Paiva. O reconhecimento surgiu na sequência da correspondência enviada pelos senhores Francisco Saraiva Couraça e Augusto d’Azevedo de Pinho Leite a Sua Majestade o Rei D. Pedro V, onde requeriam o reconhecimento da dita mina de carvão, contudo, os estudos efectuados, principalmente, por Sharpe em 1849 e Carlos Ribeiro, em 1963, evidenciaram que a exploração da Mina do Pejão não era a mais favorável.

      As concessões mais antigas que se conhecem são de 1884, data a partir da qual se iniciaram os primeiros trabalhos de prospecção, pesquisa e exploração realizados por uma empresa de origem inglesa. A exploração era subterrânea e o nome dado à mina foi “Mina de Cinquenta“.
      Entre 1908 e 1917, as concessões relativas ao Couto Mineiro do Pejão eram exploradas pela Companhia Portuguesa de Carvão e pela “Anglo-Portuguesa Colliers, Lda.”, sendo que, em 1917 foi fundada a “Empresa Carbonífera do Douro, Lda.” (ECD) com um capital de 200 contos.
      A Primeira Grande Guerra Mundial (1914-18) deu o primeiro impulso na exploração destas minas em Castelo de Paiva. O afloramento e a espessura do estrato geológico conferiram à Mina do Pejãonotoriedade, embora a sua importância fosse diminuída pela friabilidade do carvão.

      Foram, entretanto, localizados outros afloramentos de carvão que deram origem a diversas minas concessionadas, tais como: Folgoso, São Domingos, Arda, Serrinha, Paraduça e Germunde que, conjuntamente com o Pejão, formavam o referido Couto Mineiro do Pejão, estendendo-se desde o lugar de Germunde até ao Alto do Pejão, numa extensão de aproximadamente 10 Km.
      Já em 1933, após falência, a ECD foi adquirida por um Grupo Belga, liderado por Jean Tyssen. Durante o período respeitante à sua administração, a empresa sofreu uma enorme evolução e evidenciou uma notável grandeza, quer a nível de produção, quer a nível de desenvolvimento de infra-estruturas, quer mesmo a nível social, com apoios diversos para os seus trabalhadores e famílias.
      Com a Segunda Guerra Mundial (1939-45) e nos primeiros anos do pós-Guerra, a empresa atravessou um período de grande desenvolvimento, com duas minas em exploração, evidenciando um excelente nível de produção e garantindo um alto nível de empregabilidade na região.
      Em Maio de 1963, a ECD foi transformada em Sociedade Anónima de Responsabilidade Limitada sob a denominação de “Empresa Carbonífera do Douro, S.A.R.L.”, tendo em 1977, sido adquirida pelo Estado Português continuando, no entanto, a reger-se pelo estatuto de sociedade anónima adquirido em 1963.
      Já em 1984, devido ao convénio celebrado entre o “Instituto de Participações do Estado, E.P.” e a “Ferrominas“, a Empresa Carbonífera do Douro, com sede em Germunde – Pedorido, passa a pertencer a esta última entidade, e as Minas do Pejão foram encerradas, oficialmente, a 31 de Dezembro de 1994, não sem antes, as várias centenas de trabalhadores, terem promovido várias manifestações e outras formas de luta e de protesto, contra o encerramento e reivindicando direitos laborais e sociais.

      A perda de competitividade do carvão extraído na Europa, face aos hidrocarnonetos e a outros preços praticados em novos países produtores, conduziu ao encerramento de várias minas e ao fim de milhares de postos de trabalho. Neste cenário se incluiu, inevitavelmente, o sector carbonífero português, sendo que em muitos casos, como nas Minas do Pejão, as áreas de exploração abandonadas não tiveram um recuperação ambiental e integrada na reestruturação sócio-económica do território.

Carlos Oliveira

Assessor de Imprensa

Gabinete de Imprensa e Relações Públicas

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