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D. Afonso Henriques, o Conquistador

por Joaquim Luís Costa
Joaquim Luís Costa opinião Vale do Sousa TV
Joaquim Luís Costa
Licenciado em Ciências Históricas, mestre e doutor em Ciência da Informação. Historiador.

D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal, tem o cognome de “O Conquistador”pelas inúmeras vitórias a favor da criação do reino. Mas esse cognome pode ser também associado às aventuras amorosas que teve durante a sua vida. 

Em 1146, D. Afonso Henriques casa tardiamente com Mafalda de Saboia. Ele tinha 37 anos e ela 21. Foi um matrimónio de conveniência, para conseguir aliança com o rei de França, que era um dos monarcas mais poderosos de então, pois Mafalda era sua sobrinha. Como foi um enlace “arranjado”, falta saber o grau de amor que Afonso nutria pela esposa, devido às relações extraconjugais que teve durante o matrimónio e cuja prática já vinha do tempo de solteiro. Destes eventos amorosos resultaram o nascimento de, pelo menos, quatro filhos bastardos.

Antes de se casar com Mafalda, Afonso Henriques teve uma aventura com Châmoa Gomes, que era neta do conde D. Gomes Nunes de Pombeiro, antigo conde de Toroño e que professara no Mosteiro de Pombeiro. Esta senhora, à data da relação amorosa, encontrava-se viúva, porque fora mulher de Paio Soares da Maia, e era monja no Mosteiro de Vairão. Desta ligação nasceu Fernando Afonso. Há quem diga que esta foi a mulher que Afonso amou perdidamente!

De uma outra aventura, nasceu o bastardo Pedro Afonso, que foi senhor de Arega e de Pedrógão e alcaide em Abrantes, em 1179, e alferes d’el-rei entre 1181 e 1183.

Teresa Afonso e Urraca Afonso são duas filhas ilegítimas, fruto da relação que o rei teve com Elvira Gualter. Nasceram quando o monarca já estava casado com Mafalda de Saboia.

A estes casos amorosos, temos de juntar o episódio em que o rei assediou sexualmente Sancha Afonso, mulher de D. Gonçalo de Sousa, um dos grandes da corte de Afonso Henriques. 

Segundo os manuscritos medievais de linhagens, certo dia, anterior à década de 1150, quando D. Afonso Henriques foi recebido por D. Gonçalo de Sousa na sua casa, em Unhão (atualmente freguesia do concelho de Felgueiras), o rei cortejou abertamente a mulher do nobre, sendo que os dois foram apanhados em flagrante. Ao vê-los, D. Gonçalo de Sousa censurou o rei e repudiou a mulher, devolvendo-a a casa dos seus pais, por entre troça e apupos de quem estava presente.

Não se deve estranhar o que agora escrevi. Quase todos os reis portugueses tiveram amantes e filhos bastardos. Parece estar no ADN deles. D. Sancho I teve oito bastardos de diversas relações extraconjugais. D. Afonso II teve dois filhos bastardos. D. Dinis teve sete filhos ilegítimos, de sete mulheres diferentes. D. João V teve como amantes mulheres casadas, mas, também, várias freiras. Alguns bastardos tiveram sorte e chegaram a reis de Portugal. 

As infidelidades continuam ainda hoje em dia em países monárquicos. Basta lermos as notícias nas revistas cor-de-rosa. Devo recordar que foi editada uma biografia não autorizada de um rei emérito que insinua que esse monarca teve cinco mil amantes. Não é engano: cinco mil amantes!

Sobre este assunto, interessa mencionar que algumas das aventuras amorosas de Afonso Henriques se passaram no nosso território, o que evidencia, mais uma vez, a importância deste: foi aqui que o rei veio procurar ajuda para criar o reino e foi aqui, também, que se rendeu aos encantos femininos. Resumindo, o Tâmega e Sousa esteve sempre no coração d’o Conquistador!

Caso os leitores consigam encontrar numa biblioteca um exemplar, sugiro a leitura do episódio passado em Unhão, narrado por D. João de Castro, com o título O pecado de el-rei D. Afonso Henriques, que se encontra editado num suplemento da Revista ABC, de 1921, e no livro Portugal Amoroso, uma coletânea de novelas editada pela Revista Ocidente em 1945.

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