Joaquim Luís Costa
Licenciado em Ciências Históricas, mestre e doutor em Ciência da Informação. Historiador.Neste ano de 2024, têm início as comemorações dos 500 anos do nascimento de Luís Vaz de Camões. O Governo português vai preparar um programa comemorativo. E as autarquias locais, escolas e instituições de âmbito cultural o que planeiam fazer?
Não vou dedicar quaisquer palavras deste texto para escrever sobre a vida e a obra de Luís de Camões (1524-1580). Todos sabemos quem foi e o que fez. É preferível direcionar a atenção para as comemorações dos quinhentos anos do seu nascimento.
Através da Resolução n.º 52, de 22 de abril de 2021, o Conselho de Ministros determinou a realização das Comemorações do V Centenário do Nascimento de Luís de Camões, a acontecerem entre 12 de março de 2024 e 10 de junho de 2025, com o objetivo de celebrar o seu contributo para a história da literatura e da língua portuguesas.
Como refere a Resolução, «Ninguém como Camões nos representa a todos», um poeta inovador, revolucionário, moderno, com um «inabalável sentimento de independência e de liberdade», que «viajou, viu e aprendeu» e que é «na sua obra inteira, tão imensa e tão grande, a medida do mais universal dos portugueses e do mais português dos homens do universo».
Embora com os tradicionais atrasos, o Governo português vai preparar atividades comemorativas. E as autarquias locais, as escolas e as instituições de âmbito cultural o que planeiam fazer? E, nós, individualmente, o que vamos fazer?
Como portugueses, devemos ter o prazer – e não o dever – de comemorar a figura maior da nossa língua e literatura.
Como residente na sub-região do Tâmega e Sousa, era bom ver as mais diversas instituições públicas e privadas a realizarem atividades comemorativas e os habitantes em geral a participarem nessas atividades, porque invocar Camões não compete apenas ao Governo. Compete a todos nós.
Para reforçar a necessidade de a nossa sub-região comemorar Camões, devo recordar que o poeta teve ligações de amizade e literárias com personalidades que nasceram e/ou viveram em concelhos do Tâmega e Sousa.
Por exemplo, são naturais de Felgueiras um amigo e um dos seus maiores admiradores. Refiro-me a Estácio de Faria (século XVI) e ao seu neto, Manuel de Faria e Sousa (1590-1649).
Outro exemplo poderá ser Álvaro Gonçalves Coutinho (c.1383-1445), conhecido como o Magriço, um dos “Doze de Inglaterra”, que Camões celebrizou no Canto VI d’Os Lusíadas, pois há quem defenda que tem origens familiares e/ou viveu em Celorico de Basto.
Perante a figura nacional que é Camões e as ligações de amizade e literárias que tem a esta sub-região, comemorar o grande poeta português é uma mais-valia para todos nós. Fica, aqui, o lembrete, para que ninguém se esqueça de Camões neste ano de 2024.
Da minha parte, e dentro das minhas possibilidades, irei procurar nestes artigos mensais de opinião Comemorar Camões, associando-o ao nosso território através das personalidades referidas em parágrafos anteriores.
Para começar, voltar a reler Os Lusíadas é a nossa melhor opção. Sugiro uma versão comentada para se compreender o alcance e a riqueza literária e histórica da obra.