Joaquim Luís Costa
Licenciado em Ciências Históricas, mestre e doutor em Ciência da Informação. Historiador.Em complemento aos habituais eventos de Natal, sugiro visitas a património religioso do Tâmega e Sousa relacionado com a época festiva.
Entre finais de novembro e meados de janeiro, não faltam eventos para aproveitarmos a época natalícia, desde espetáculos, mercados e vilas natais, passando pelas tradicionais iluminações. Estas ações fazem-nos bem, não só para o nosso bem-estar mas também para a economia.
Em complemento a tudo isto, vinha sugerir outras experiências, sendo estas mais direcionadas para o espírito fundador do Natal, porque aquando do nascimento de Jesus Cristo não tivemos espetáculos e muito menos iluminações! Foi tudo muito singelo.
A ideia é visitar património religioso para ficar a conhecer um pouco mais desse tempo, através de diversas artes, como, por exemplo, a arquitetura, a escultura ou a pintura.
As sugestões não ficam longe. Todas se situam muito perto de nós que vivemos na sub-região do Tâmega e do Sousa. Dos imensos exemplos que poderia apresentar, vou apenas mencionar quatro, por razões de limitação deste espaço de opinião.
Uma das sugestões é a Igreja de Santa Maria de Airães, em Felgueiras. Além do seu interior convidar à introspeção, a sua sacristia “esconde” uma preciosa peça decorativa, em estilo rococó, que alberga um conjunto de imagens, com uma qualidade artística notável, que integrariam um presépio de maiores dimensões e que nos ajuda a reviver esse momento histórico-religioso.
Outra sugestão é a Igreja do Salvador de Freixo de Baixo, em Amarante, onde encontra uma pintura a fresco relativa à Epifania, na qual vemos a Virgem Maria sentada com o Menino ao colo, estando atrás São José, seguido por uma vaca e um burro. Do lado oposto, Melchior está ajoelhado em adoração ao Menino, enquanto Gaspar e Baltasar aguardam em pé a sua vez de prestar homenagem. Sobre esta cena desenha-se a estrela que guiou os reis Magos até Belém e o arco-íris, símbolo da aliança entre Deus, os homens e todas as criaturas da Terra.
Se tiver muito tempo disponível, aconselho a visita ao Mosteiro de Santo André de Ancede, em Baião, por diversas razões. Uma delas é o Centro Cultural. Uma outra é explorar a história da sua igreja que foi benzida e dedicada na festa de Natal de 1689. Depois, no adro, temos a Capela do Senhor do Bom Despacho, cujo interior se assemelha a um teatro sacro, no qual em pequenos cenários, constituídos por esculturas de vulto ou relevo, de madeira, encontrará passagens relacionadas com a vida de Jesus Cristo, incluindo a Natividade e a adoração dos Reis Magos.
Por fim, aconselho visita à Igreja de São Nicolau, no Marco de Canaveses, cujo orago (padroeiro) é Nicolau de Bari (Itália) ou de Mira (Turquia).
Nicolau foi um jovem rico que decidiu abandonar tudo e colocar a sua riqueza ao serviço dos mais necessitados. É tido como acolhedor dos pobres e principalmente de crianças carentes, preocupando-se com a sua educação, além de ter praticado vários milagres e atos caritativos entre os quais providenciar pão a quem dele necessitava. A sua vida ao serviço dos outros, mas sobretudo das crianças, serviu de inspiração para a criação da figura do Pai Natal, o verdadeiro e não o que foi inventado nos Estados Unidos da América.
Para estes momentos não precisa de ser crente. Basta gostar de apreciar arte e património, procurando interpretar e sentir as mensagens de valor que nos proporcionam.
Feliz Natal!