
José Rosinhas
Diretor artístico do projeto “José Rosinhas Art Gallery Wall” | Professor na Sociedade Nacional de Belas Artes | Curador independente | Artista plástico Exposição individual de José Rosinhas
18 jan a 22 fev 2025
Casa da Cultura de Paredes
Ao longo da história da arte temos constatado que a árvore, surge na representação e no vocabulário artístico dos artistas, vejamos casos recentes como da artista portuguesa Joana Vasconcelos (1971) com a sua “Árvore da Vida”, na Sainte-Chapelle de Vincennes, em Paris, ou ainda na obra “Liberdade”, datada de 1984, de Maria Helena Vieira da Silva (1908 – 1992), da Coleção de Arte Contemporânea do Estado (em depósito na Câmara Municipal de Aveiro). Como David Santos, refere sobre a obra da pintora Vieira da Silva, a “Liberdade assume, enquanto pintura, uma dimensão deliberadamente alegórica, representando na árvore que se renova e fortalece a cada ciclo a associação entre a dinâmica vital da natureza e a ideia transformadora da Liberdade”, assim a árvore para José Rosinhas torna-se também um elemento de auto-representação e de liberdade. Ou ainda, podemos constatar a mesma referência arbórea na escultura de bronze de Alberto Carneiro (1937 – 2017), intitulada de “Árvore” (2002), junto à Casa da Cultura de Chaves, uma obra que foi adaptada ao espaço final onde foi colocada o que levou a alterar o seu título original.
A mostra apresentada pelo autor foi desenhada ao pormenor para a sala da casa também conhecida como “Palacete da Granja”. De referir, que o título da exposição, tem como alusão a famosa peça teatral – As Árvores Morrem de Pé – do dramaturgo espanhol Alejandro Casona (1903- 1965), transmitida pela RTP – Rádio e Televisão de Portugal, designadamente nas Noites de Teatro, e onde é dita uma frase no final da peça pela mitológica actriz Palmira Bastos (1875 – 1967), que ainda perdura no imaginário do teatro português, “Morta por dentro, mas de pé como as árvores”.

Como nota e com carácter de homenagem, mencionar que Domingos Pinho (1937 – 2024), antigo Professor da disciplina de pintura no 1º ano do curso Artes Plásticas – Pintura, na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, realizou em 2005 uma serigrafia intitulada também de As Árvores Morrem de Pé.
A instalação apresentada na exposição, As Árvores morrem de pé, na Casa da Cultura de Paredes, mostra ao público visitante a prática artística do autor, e o pensamento crítico do mesmo sobre alguns temas pertinentes da sociedade atual. Os trabalhos expostos resultam de uma Residência Artística levada a cabo em Guadalajara, Espanha, em julho e agosto de 2024. Um trabalho sério de uma prática artística diarística e de uma profunda dedicação física e mental, com uma predisposição para criar algo diferente e inovador do seu percurso expositivo.
Ao longo de trinta anos as questões de género e da(s) identidade(s), são os pontos de partida do trabalho plástico e acima de tudo são uma chamada de atenção aos problemas sociais que acarretam o fugir da dita norma que a sociedade nos impõe e que nos tenta catalogar, encaixar.
Com obras nas principais colecções nacionais e no estrangeiro, onde se salienta o MAK – Austrian Museum of Applied Arts/Contemporary Art (Viena, Áustria) e o Museu de Arte Contemporânea da Fundação de Serralves (Porto, Portugal), e com mais de três dezenas exposições individuais, o trabalho exposto em Paredes vai ao encontro de uma ética irrepreensível e ímpar.
Por último, um agradecimento à Senhora Vereadora da Cultura, Dra. Beatriz Meireles, e à sua equipa pela disponibilidade e profissionalismo na produção deste projecto expositivo.