
Joaquim Luís Costa
Licenciado em Ciências Históricas, mestre e doutor em Ciência da Informação. Historiador.A 18 de abril, celebra-se o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios. Não deixe de participar!
O International Council of Monuments and Sites (ICOMOS) — cuja missão é promover a conservação, a proteção, a utilização e a valorização dos monumentos, conjuntos e sítios — escolhe anualmente um tema para celebrar o dia 18 de abril, concretizado em atividades que sensibilizem para a importância da salvaguarda e valorização do Património Cultural.
Em 2025, o tema é o “Património resiliente face às catástrofes e conflitos”, e as celebrações centrar-se-ão nas medidas de salvaguarda do património em tempos de crise, bem como nos seus objetivos futuros em matéria de prevenção e resposta a emergências e recuperação.
Se é verdade que Portugal na atualidade se encontra territorialmente distante de conflitos militares e incólume a grandes catástrofes naturais, ao contrário de outros países como todos nós sabemos, também é verdade que o nosso país já foi palco de desastres e conflitos que destruíram muito património.
Um exemplo foi o Terramoto de 1755, que arruinou diversos bens culturais em Lisboa e danificou muitos outros um pouco por todo o país.
Outro exemplo foram as Invasões Francesas, entre 1807 e 1810. Para a sub-região do Tâmega e Sousa, recorde-se a destruição efetuada pelos napoleónicos em Amarante; a demolição de parte da antiga ponte românica de Canaveses pelos portugueses para impedirem a passagem do invasor; ou o fatídico dia 13 de maio de 1809 quando a tropa francesa ao fugir de Portugal incendiou e saqueou o Mosteiro de Pombeiro.
De lembrar igualmente a extinção das ordens religiosas, em 1834, no contexto da Guerra Civil Portuguesa, entre 1828 e 1834, que levou ao fecho de todas as casas religiosas e a incorporação dos bens na Fazenda Nacional, sendo depois muito do património vendido em hasta pública. O Mosteiro de Santo André de Ancede é disso exemplo. Aluda-se novamente o Mosteiro de Pombeiro, que ainda não se tinha recomposto totalmente do saque napoleónico e já estava a ser extinto, com parte do imóvel a ser vendido a privados que delapidaram parte do seu valor histórico. A estes atos ainda se junta a indiferença do Estado português que deixou ao abandono durante décadas este mosteiro, promovendo a sua degradação.
Apesar de vivermos “em paz”, afastados de conflitos e não sendo atingidos por grandes catástrofes, o tema deste ano é importante porque nos ajuda a relembrar o que se passou e a ter consciência do que não fizemos coletivamente para salvaguardar o património e lembra-nos também da necessidade de estarmos preparados para eventuais dias sombrios. Por exemplo, os cientistas alertam para a certeza de um novo terramoto, semelhante ao de 1755. E o que acontecerá ao património quando as alterações climáticas forem mais rigorosas?
Este ano, as atividades vão decorrer entre 11 a 20 de abril e, como nos anos anteriores, muitas instituições — incluindo as câmaras municipais e outras entidades da nossa sub-região — vão aderir ao evento com inúmeras atividades abertas ao público em geral.
Participar é um ato de recordar o passado e lembrar a necessidade de prepararmos o futuro, contrariando a tendência de “empurrar com a barriga” e só resolver quando o pior já aconteceu.
Como leitura, e em jeito de enquadramento geral, sugiro que visitem o sítio eletrónico do ICOMOS Portugal, disponível em www.icomos.pt, e daqui partirmos para a valorização dos nossos monumentos, conjuntos e sítios.