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Celebrar Vasco da Gama

por Joaquim Luís Costa
Joaquim Luís Costa opinião Vale do Sousa TV
Joaquim Luís Costa
Licenciado em Ciências Históricas, mestre e doutor em Ciência da Informação. Historiador.

Em 16 de dezembro de 2024, iniciaram-se as celebrações dos 500 anos da morte de Vasco da Gama. Recordemos as suas proezas e como um escritor da nossa região o invocou.

Vasco da Gama nasceu em Sines, em 1468 ou 1469, sendo filho ilegítimo do navegador Estêvão da Gama (1430-1497). Embora tenha pensado em seguir a carreira religiosa, o contexto familiar promoveu, obviamente, o seu interesse pelo mar, tornando-se num experiente navegador e um dos homens da confiança de D. João II (1481-1495), que o encarregou de várias missões.

Esta confiança continuou com o rei D. Manuel I (1495-1521), que o incumbiu de comandar uma pequena armada de quatro navios – três naus (a São Gabriel, a São Rafael e a Bérrio) e um navio de provisões – com a missão de descobrir o caminho marítimo para a Índia, na procura de especiarias, sendo a reação portuguesa à tomada de Constantinopla pelos Otomanos, em 1453, que resultou no bloqueio do comércio entre o Mediterrâneo e o Oriente.

A frota partiu de Lisboa a 8 de julho de 1497 e chegou a Calecut, na Índia, a 17 de maio de 1498. Em Calecut, Vasco da Gama foi recebido pelo Samorim a quem entregou uma carta do rei português, oferecendo uma aliança e um tratado comercial. Mas o Samorim recusou as “ofertas”. Não conseguindo atingir estes objetivos, Vasco da Gama regressou a Lisboa. Porém, o principal objetivo tinha sido alcançado: a descoberta do caminho marítimo.

Em 1502, o navegador chefiou nova armada, desta vez de 20 navios, com o objetivo de, através da força militar e de uma política de alianças com os reis de Cochim, também na Índia, assegurar o domínio português no Índico. Mais tarde, em 1524, regressou outra vez à Índia, já com o título de conde da Vidigueira e investido do cargo de vice-rei da Índia, por D. João III (1521-1557), para restabelecer a ordem e os interesses comerciais portugueses. 

Em dezembro desse ano de 1524, adoeceu gravemente, vindo a morrer em Cochim, no dia 24. Os seus restos mortais foram trazidos para Portugal e sepultados na Vidigueira. Em 1880, as suas ossadas foram transladadas para a Igreja do Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, estando o seu túmulo no lado norte da igreja e de frente para o túmulo de Camões (que se encontra a sul).

Os portugueses e o mundo conheceram Vasco da Gama muito devido a Luís de Camões que o celebrizou em Os Lusíadas. Mas não foi o único. 

Manuel de Faria e Sousa, um devoto seguidor de Camões, natural do antigo couto de Pombeiro (Felgueiras), também distinguiu o navegador nas suas obras.

Em Lusiadas de Luis de Camoens, príncipe de los poetas de España,editada em1639,além da narrativa elogiosa sobre a ação do navegador na descoberta do caminho marítimo, cada comentário aos cantos d’Os Lusíadas começa com uma gravura que remete para um excerto da obra de Camões, sendo que várias dessas gravuras são dedicadas a Vasco da Gama: por exemplo, temos gravuras que retratam o momento em que o navegador se encontrou com o rei de Melinde e quando entrou em contacto com indígenas em Calecut. Numa outra gravura, sendo possivelmente a maior de todas, ocupando uma página por completo, encontramos Vasco da Gama vestido como terá feito a viagem para Oriente, conforme idealizou Faria e Sousa.

Como neste ano continuamos a celebrar Vasco da Gama, sugiro a leitura de obras que evidenciem a sua ação na epopeia dos Descobrimentos. Se o desejar, pode, inclusive, descarregar da Internet o citado livro de Manuel de Faria e Sousa para assim saber como este escritor da nossa sub-região o interpretou através da escrita e do desenho.

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1 comentário

Luis Gomes 05/05/2025 - 18:26

As celebrações dos 500 anos da morte de Vasco da Gama são de uma pobreza confrangedora, face à dimensão do personagem histórico que ele é. Esta ausência de celebração nacional inscreve-se na linha d obliteração que foi feita aos nossos grandes heróis nos últimos 50 anos.

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